25/11/2011

Especial Dia da Consciência Negra: Rap, combate a violência e educação



Dia 20 de novembro dia da consciência negra, data escolhida em homenagem a Zumbi dos Palmares que morreu nessa data no ano de 1695 e foi símbolo da resistência, da luta do povo negro por liberdade.

E agora em pleno século XXI, como esta a situação do negro na sociedade brasileira?

Hoje vamos debater dois pontos cruciais Educação e Violência, mas antes vamos recordar duas informações de extra importância: O Brasil foi o último pais da América a abolir a escravidão. E somos o país com a maior população de negros fora do continente africano segundo estimativas do IBGE censo 2010 há 100 milhões de habitantes negros no Brasil que equivale a 51% da população total.

Mesmo representando metade da população os negros sofrem com as seqüelas da escravidão. O racismo impera em nossa sociedade os indicadores sociais mostram o fosso que existe entre negros e brancos.

No Brasil em média o negro estuda 2,1 anos a menos que um branco, e os que conseguem concluir o ensino superior não chega nem a 5%. E a taxa de assassinatos de pessoas negras é infinitamente superior a de pessoas brancas. Os negros são mais vulneráveis a violência, porque sofrem as conseqüências do racismo.

O Hip Hop nacional vem travando uma dura luta contra o racismo, e o rap nacional com suas letras fortes e contundentes há anos denuncia o extermínio da população negra.

Vários manos da periferia encontraram no rap uma alternativa de vida , mas nem todos serão cantores ou terão grupos é preciso que além de rappers , também tenham médicos, professores, advogados, jornalistas entre outros muitos profissionais

Os negros precisam esta inseridos em todas as áreas, não é possível admitir que negros só possam ser cantores ou jogadores de futebol.

A educação é a chave do conhecimento que liberta, que revoluciona e por isso mesmo que não será dada pelo sistema, será preciso lutar por ela.

Como o nosso povo pode enfrentar a violência imposta pelo Estado racista brasileiro?

O Portal Rap Nacional trouxe para o debate o Douglas Belchior professor de História, Educador Social, militante socialista atuante no movimento negro, coordenador da União de Nucleos de Educação Popular Para Negros/as e Classe Trabalhadora (Uneafro-Brasil).

Confira nosso bate papo sobre genocídio da população negra, educação e movimento hip hop

Portal Rap Nacional : Segundo o IBGE em pesquisa divulgado em 2010, entre 2000 a 2008 a taxa de homicídios de pessoas negras foram superior a de pessoa brancas , como a Uneafro encara esses dados ?

Douglas Belchior : A taxa de homicídios cuja a vítima é a população negra sempre foi superior. Em 2009 a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, UNICEF e o Observatório de Favelas divulgam resultados de sua pesquisa, e os dados são estarrecedores: 33,5 mil jovens serão executados no Brasil no curto período de 2006 a 2012. Os estudos apontam que os jovens negros têm risco quase três vezes maior de serem executados em comparação aos brancos. Já o “Mapa da Violência 2011: os jovens do Brasil”, em 2002, em cada grupo de 100 mil negros, 30 foram assassinados. Esse número saltou para 33,6 em 2008; enquanto entre os brancos, o número de mortos por homicídio, que era de 20,6 por 100 mil, caiu para 15,9. A população negra é, historicamente, feita de “bucha de canhão” para os interesses das elites racistas no Brasil.

Com o fim da Escravidão, período em que negro escravizado era super-valorizado como mercadoria, essa população não só foi “descartada”, como passou a ser alvo de um projeto de extermínio. Esse projeto se inicia com a imigração européia, a partir da política de embranquecimento da população. Essa ação, a partir do Estado, continua até nossos dias: a miséria, a falta de serviços básicos como saúde, educação e moradia e principalmente a partir da política de “segurança pública” que condena a população negra ao encarceramento nos presídios e fundações, quando não assassinadas, como acontece de maneira explícita no Brasil. Nós da UNEafro-Brasil denunciamos o Genocídio da Juventude Negra como ação promovida pelo Estado Brasileiro.

P.R.N: Qual a melhor forma de enfrentamento do genocídio que a população negra continua sofrendo ?

Douglas Belchior: Em São Paulo, ao lado de movimentos tais como Circulo Palmarino, MNU, Consulta Popular, Levante Popular, Tribunal Popular, Fórum de Hip-Hop entre outras organizações, construímos o Comitê de Luta Contra o Genocídio, que tem feito ações importantes de denúncia e formação política em comunidades, além de atos públicos e intervenções na Assembléia Legislativa do Estado, no próprio Poder Executivo e nas instâncias do Poder Judiciário. Sabemos das limitações em denunciar o Estado para o próprio Estado. Por isso, gastamos a maior parte de nossa energia organizando trabalhos de base, seminários, formação em Cursinhos Comunitários e Escolas. A ideia é provocar nossa organização para resistir e lutar. Iniciativas como essa estão acontecendo em todo o país.

P.R.N: Sabemos que a educação é uma das formas de inclusão que a Uneafro trabalha, as políticas públicas vigentes voltadas para os negros e pobres, estão surtindo efeitos?

Douglas Belchior : O racismo é constitutivo do capitalismo brasileiro. É uma ideologia de dominação sem a qual a elite brasileira não se manteria. Esse quadro explica, em parte, o fato de a Lei 10639/03 (alterada pela lei 11645/08), apesar de sua histórica e festejada aprovação, não ter saído do papel. Afinal, sua intenção é justamente contribuir para a superação dos preconceitos e atitudes discriminatórias por meio de práticas pedagógicas que incluam o estudo da influência africana e indígena na cultura nacional.

É necessário trabalhar para que o Plano Nacional de Educação – PNE, que volta a ser debatido, contemple a necessidade de radicalizar na efetivação das leis 10639/03 e 11645/08. E mais que isso: Em tempos de reivindicação pelo aumento dos investimentos em educação para a ordem de 10% do PIB, a UNEafro-Brasil propõe uma bandeira paralela tão importante quanto: a obrigatoriedade da destinação de, no mínimo, 10% dos recursos da educação de municípios, estados e federação para a aplicação das Leis 10639/03 e 11645/08. É preciso também regulamentar punições severas aos gestores públicos que as descumprirem.

A educação, num sentido ampliado, é tudo o que rodeia e forma o indivíduo, seja na escola formal, no ambiente familiar, nos diversos espaços de sociabilidade. E hoje, mais que nunca, também através dos meios de comunicação, em especial a televisão, a produção cultural (sobretudo na música) e as redes sociais da internet. Essa realidade nos coloca o desafio de pensar numa radical reformulação da educação brasileira, não apenas no que diz respeito aos recursos, mas ao modelo educacional, aos valores e aos métodos.

P.R.N: Nesse 20 de novembro de 2011, o que pode ser comemorado?

Douglas Belchior : Dos 16 milhões de pessoas em condições sociais abaixo da linha da miséria, 70% são negros; Doa 14 milhões de Analfabetos no Brasil, 70% são negros; O Desemprego continua atingindo em maiores proporção a população negra, mesmo aqueles com qualificação profissional; Mulheres negras sofrem em dobro com o racismo e o machismo, são mal tratadas nos serviços de saúde, são desvalorizadas no trabalho e sofrem mais com violência doméstica e todos os tipos de assédios. A população negra é a que mais precisa do SUS- Serviço Único de Saúde, e é também a que tem mais dificuldade no acesso.

A população Quilombola não tem sua ancestralidade respeitada e suas terras continuam sem titulações; As religiões de matriz africana continuam perseguidas e desrespeitadas; A juventude negra continua a ser assassinada; o Estatuto da Igualdade Racial é uma mentira e as principais Universidades no Brasil, a USP por exemplo, recusam -se a implantar Cotas para Negros; O que há para comemorar? Nossa coragem e nossa resistência. Somos mais de 50% da população Brasileira. Mudar o Brasil pra melhor é nossa responsabilidade!

P.R.N: Quais as principais bandeiras de luta em pauta pelos movimentos nesse feriado?

Douglas Belchior: Há bandeiras, infelizmente permanentes: Contra O Genocídio da Juventude Negra; Contra o Machismo e a violência dirigida a mulher negra; Pelo feriado Nacional, Por um Estatuto da Igualdade Racial com caráter determinativo; por Cotas para negros/as em universidades, concursos públicos, partidos políticos, e mídias. Lutamos sobre tudo contra o racismo, o maior câncer da sociedade brasileira.

P.R.N: Articulação entre os movimentos sociais junto com o movimento hip hop o que falta para estreitar os laços?

Douglas Belchior: Nós da UNEafro-Brasil respeitamos e admiramos o Hip-Hop Nacional por sua natureza contestadora e revolucionária. O Hip-Hop popularizou a luta contra o racismo e a denúncia da violência policial em todo o país. Evidente que o capital busca cooptar os talentos e a própria cultura pelo poder da grana, mas somos muito confiantes naqueles que levam a bandeira da Cultura Hip-Hop de raiz, da luta negra e da justiça.

A militância política tem muito a aprender com o Movimento Hip-Hop, assim como o o Movimento Hip-Hop tem bastante a aprimorar com os grupos de estudo e de militância política. Precisamos construir esses espaços de encontro e de formação em comum, com tempo e paciência para estudar, debater e construir ações comuns. Motivos para lutar juntos não faltam. O Hip-Hop será a trilha sonora da Revolução Brasileira!

Esperamos que todos possam refletir em cima dessa matéria, porque é nóis por nóis, movimento HIP HOP, movimento negro, movimentos sociais diversos.

Somente a UNIÃO e a LUTA em conjunto será capaz de nós proporcionar a vitória , juntos somos fortes.

AXÉ…

Texto e Entrevista : Paula Farias

@paullafariass

Douglas Belchior

http://www.negrobelchior.blogspot.com

Uneafro http://www.uneafrobrasil.org/


Links de matérias publicadas

rap nacional

rap na veia

hip hop na quebrada


13/11/2011

Rocinha Paz sem justiça social é Ilusão


Por: Paula Farias

A favela da Rocinha esta em todo os noticiários do país e também é manchete dos principais veículos internacionais como a CNN, El Paris, New York Time entre outros.

Todos comentando a prisão do Nem chefe do tráfico e a ocupação da Rocinha pelas forças de segurança pública, os policiais ficaram no morro até a implantação das UPPS (Unidade de Polícia Pacificadora).

Hoje pela manhã no topo do morro a policia hasteou a bandeira do Brasil e a do Estado do Rio de Janeiro, para simbolizar que naquela região agora quem manda é o Estado.

Toda essa mega operação não aconteceu por acaso, porque já são mais de 30 anos em que a Rocinha é dominada por traficantes. E somente agora praticamente a vésperas da Copa do Mundo do Brasil em 2014, em seguida das Olimpíadas no Rio de Janeiro de 2016, que o Estado resolveu combater o tráfico de forma eficaz

Já que o maior traficante do estado foi preso e a ocupação da Rocinha aconteceu sem quiser ser disparo um único tiro.

Na realidade o que as autoridades cariocas querem é mostrar para a comunidade internacional que esta com os olhos voltados para o Brasil, que aqui quem manda é o Estado e que a criminalidade esta sendo combatida de forma exemplar e que a paz esta sendo instaurada.

Mas será mesmo que agora a Rocinha terá paz? Que os blindados e helicópteros da polícia vão trazer paz para esses milhares de brasileiros, trabalhadores que vivem na Rocinha a mercê da violência imposta pelo crime organizado e do descaso do Estado.

Infelizmente paz sem justiça social é pura ilusão, todo esse circo serve para estampar manchetes de jornais.

O que a comunidade da Rocinha e tantas outras precisam é que a constituição brasileira seja respeita e que os governos dêem ao povo educação, saúde, lazer, cultura, segurança condições de uma vida digna.

Não são policiais armados de fuzil substituindo os traficantes nos comando do morro que vai mudar a triste realidade desses moradores que desde muito cedo aprenderam a conviver com aos tiros varando a madrugada.

Enquanto os governantes posam para fotos e usam seus mais belos discursos de ordem, as famílias da Rocinha ainda continuam na mesma situação de incertezas.

Porque no Brasil policia não é sinônimo de segurança, muito menos de paz e, como ja foi dito Paz sem justiça social é Ilusão.

Foto:Google

19/10/2011

Debate “Ditadura, Democracia e Resistência para Quem" ?


Por: Paula Farias


Debate “Ditadura, Democracia e Resistência para Quem “?

Na tarde do último sábado (15) aconteceu o segundo debate sobre a temática “Ditadura, Democracia e Resistência para Quem “?, Em uma das belas salas da Universidade de Direito de São Paulo, no largo São Francisco.

A mesa de discussão girou em torno da problemática “1964 – 2001” e foi composta pelos debatedores Deisy Ventura, Janaina Teles e Marlon Weichert , mediador professor Guilherme de Almeida.

O público presente foi em torno de 40 pessoas, um número bom levando em consideração que uma forte chuva caia sobre a cidade desde cedo.

Durante toda à tarde varias questões importantes sobre a triste historia de repressão da Ditadura militar no Brasil foram abordados.

Principalmente a necessidade de se passar a limpo os casos de seqüestros, torturas e assassinados cometidos durante o período, através da comissão da verdade, que alias esta longe do moldes esperados já que o projeto aprovado pela câmara sofreu varias modificações.

E trazendo para os dias atuais os expositores falaram sobre as seqüelas e conseqüências que resta da ditadura em plena sociedade “democrática” em que vivemos ou pensamos que vivemos.

A questão mais importante trata-se da “classe dos torturáveis”, ou seja, as pessoas que sofrem com o autoritarismo e despreparo dos representantes dos órgãos de segurança do Estado.

Chegou - se à conclusão sobre os perfis dos militantes torturados no período da ditadura e a parcela da população que é torturada nos dias atuais pela policia.

No passado eram militantes de partidos políticos, agremiações estudantis, hoje são negros, pardos, moradores das periferias que são vitimas de atrocidades imposta pelo Estado sobre a forma de homens fardados que seguem o mesmo estatuto da época da ditadura, as regras do autoritarismo.

E da mesma forma que a ditadura militar no Brasil desempenhou com bastante eficiência toda a repressão e censura e se manteve no poder durante 21anos.

Nos tempos atuais, os representantes da “lei” e da “segurança” vêm também desempenhando sua função com bastante eficaz, e tratando com violência e preconceito a população das periferias. Basta analisar os números de assassinatos da população negra, os inúmeros casos de violações dos direitos humanos.

As analises são já bem conhecidas por quem vive a militância dentro das comunidades, agora o que precisar ser repensado são as estratégias de enfrentamento.

Debates como este é de extrema importância e aconteceu dentro da maior universidade publica da América Latina (USP) o prédio de direito que mantêm as instalações históricas com quadros de Dom Pedro II que alias esteve presente na sala de debate (pendurado e um quadro) atento ao tudo que acontecia.

Parabéns ao Coletivo Político Quem ? Responsável pelo evento.

E para quem quiser participar dos próximos debates ainda há mais dois agendados:

Debate- 22/10

“Silencio e Interditos da Memória”

Local: Memorial da Resistência

A partir das 14h

Debate-29/10

“Arte como Guerrilha”

Local: Centro Cultural Maria”

A partir das 14h

12/10/2011

Dia das Crianças.... pra quem ?

Compre um celular, vídeo, roupas, brinquedos , consuma, consuma e seja feliz esse é o slogan do Dia das Crianças, data festiva que gera lucro pro sistema.

E faz com que muitas pessoas esqueçam que enquanto elas estão no shopping escolhendo presentes para um pequeno grupo de crianças privilegiadas, existem centenas de outras meninas e meninos excluídos sobrevivendo de sobras ou simplesmente não sobrevivendo.

Não consigo comemorar essa data sabendo que nesse exato momento há crianças sendo agredidas, violentadas, passando fome, sofrendo morrendo aos poucos.

As crianças são o futuro, mas o que fazer quando elas já nascem com o futuro negado? Por um país hipócrita, preconceituoso, racista que mata milhares de indefesos todos os anos.

Eu não vejo motivos pra comemorar o dia de hoje quando lembro que amanha vou passar pela Praça da Sé e terá pequenos anjos sem asas comendo lixo, se drogando, dormindo em baixo de viadutos...que país é esse ? Que seres humanos somos nós?

Que fingimos que nada acontece que nos acostumamos com isso e passamos por elas e fingimos não as vêr.

Aquele menino com a lata de cola na mão podia ser seu filho? Aquela menina se vendendo na esquina podia ser sua filha. Eles são filhos do descaso ... pátria amada , nada gentil.

Dia das Crianças.... pra quem ?

Paula Farias


28/09/2011

Revista Fórum comemora 10 anos de jornalismo militante


No último sábado (24) aconteceu a festa dos 10 anos da revista Fórum.

O evento foi realizado na Casa fora do Eixo local ponto de encontro de cultural, um ambiente despojado com paredes grafitadas , localizada na região central de São Paulo.

Com estilo próprio e acolhedor a confraternização organizada pela equipe da revista fórum foi digna de um veiculo de comunicação que nasceu dentro do 1º Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre (RS) em 2001.

Com o compromisso de exercer um jornalismo voltado às causas sociais, pautando questões de interesse gerais do Brasil e do mundo, com uma visão abrangente e independente.

Combatendo o monopólio e a manipulação causada pela mídia tradicional.

Marcando a confraternização foram organizadas varias meses de debates, com as presenças de colunistas e jornalistas da revista, políticos e representantes da sociedade civil, e o ex-ministro da casa civil Jose Dirceu também esteve na festa para prestigiar a comemoração.

Foram mais de 10 horas de debates que giraram em torno de questões fundamentais para a sociedade brasileira como democratização da mídia, redes sociais, trabalho escravo, imigração etc.

Os debates foram transmitidos ao vivo pela internet, e contou com questionamentos e opiniões de vários internautas do Brasil e até de outros países.

Além das discussões durante toda a tarde houve churrasco com bebidas para os participantes , além de um salão musical com dj, varias apresentações de bandas e representando o rap nacional a presença do JairoPeriafricania, pinturas de grafites ao vivo .

Foi uma grande festa que além de reunir especialistas de diversas áreas para discutir assuntos que estão mexendo com o momento atual da sociedade.

A festa 10 anos revista Fórum deixou varias mensagens importantes entre elas :

* Necessidade de se repensar o modelo de formação acadêmica nos cursos de jornalismo.

*A urgência na democratização das mídias.

* Forte ferramenta de mobilização que é a internet e os blogs.

* Necessidade de continuar combatendo a mídias tradicional.

* A precisão das mídias alternativas em criar novas pautas.

*A atenção que devemos ter com as questões ligadas a imigração, trabalho escravo em todas as esferas, urbano e rural.

A missão da revista Fórum de trabalhar focado nas mazelas que afligem e atrasam o real desenvolvimento da sociedade já que grande parcela da população sofre com o preconceito, racismo, concentração de renda, agronegócio, corrupção, e violência , continua.

Vida longa a revista Fórum e os demais veículos que lutam para exercer um jornalismo sem amarras, sem distorções da realidade.




Matéria e Fotos : Paula Farias




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18/06/2011

Quem é mais louco ??????

Andando pelas ruas do centro da cidade é possível observar vários moradores de rua.

Meu foco nessa reflexão são as pessoas que perderam a noção do que é real, para o que é imaginação, que perderam o chamado “juízo” , ou os loucos mais popularmente conhecidos.

Quantos brasileiros vivem em estado de demência mental abandonados pelas ruas a mercê de sua própria sorte ou da intervenção divina? Perdidos em meio ao tempo e espaço, sem nem ao menos saberem quem são, da onde vieram e muito menos para onde irão.

A resposta é muito simples são muitos.

E o que levaram essas pessoas a perderem o senso das coisas? Se tornando totalmente indiferentes ao que acontecem ao seu redor, e a si próprios todos os dias, nas ruas da cidade de aço que é São Paulo e tantas outras metrópoles brasileiras.

As respostas podem ser as mais variadas, alcoolismo, drogas, depressão, abandono. Mas a duvida que é fica é quem é mais “louco” quem vive pelas ruas , ou quem vive preso a esse sistema capitalista, opressor que massacra milhões de brasileiros e rouba sonhos e esperanças.

Será que é tão absurdo pensar que nós seres” normais” é que somos os verdadeiros doentes mentais, que vivemos presos muitas vezes em uma vida infeliz, sendo mão de obra barata, muitos sem nem ao menos saberem se terão o que almoçar ou jantar no dia seguinte, sobrevivendo a lutas penas .

Sem ter como sonhar com uma vida melhor acordando todos os dias as 4 e 30 da madrugada. Com o sono sendo bruscamente interrompido pelo despertar do relógio, instrumento de medição do tempo, inventado pelo capitalismo para escravizar os trabalhadores à corrida interminável contra o tempo.

Mães e pais que não tem tempo para acompanhar o crescimento de seus filhos, por que estão presos no transito, no trabalho mal remunerado e infeliz.

Obrigações impostas pela vida “normal” trabalhar, pagar contas e sobreviver e rezar por dias melhores , para os que tem algum tipo de crença, para os que não nem esse consolo resta.

Será que somos realmente normais? Será que somos mais felizes do que aqueles que vivem em um mundo próprio de fantasias e que não sabem distinguir a realidade dos fatos

Talvez muitas dessas pessoas simplesmente se entregaram a perder a razão como uma forma da fuga da realidade capitalista, individualista e cruel que é a sociedade em que estamos mergulhados.

Eu não tenho essas respostas precisas.

Mas eu tenho o sentimento de quem anda pelas ruas, e olha nos olhos desses moradores de rua “loucos”.

Eu observo muito mais brilho no olhar desses “loucos” das ruas, em comparação com quem esta dentro dos ônibus lotados com amargura estampada em cada traço.

Talvez a loucura para alguns até tenha sido a melhor saída, apesar que a dúvida persiste de quem é mais “louco”? , você decide.

Texto : Paula Farias

07/06/2011

Hoje acordei mais velha

Hoje eu acordei e não tinha mais 15 anos, o tempo é mesmo algo implacável passa tão rápido e forte como a brisa da noite, ele vem toca seu rosto e vai modificando sua expressão, e sua vida inteira.

Quando tinha apenas 15 anos eu não sabia bem ao certo o que gostaria de ser grande crescer (risos), mas eu sabia que desejava evoluir, oferecer um futuro melhor para a minha mãe e fazer meu irmão me ter como um exemplo vitorioso a ser seguido.

Então em meio ao desejo de progresso e mudança o jornalismo chegou no meu coração e fez morada e decidi quero ser jornalista. Não para trabalhar na televisão alias tenho vergonha das câmeras, mas para trabalhar em uma redação, ir a rua ter contato direto com os fatos.

E foi ai que a luta realmente se iniciava na minha vida, quando deixei de lado a fantasia e me deparei com a vida cruel e real , levei um susto da onde tirar dinheiro para pagar uma faculdade? Mas não deixei isso me abater e desde então a busca por uma bolsa 100% de estudos virou minha meta.

Foram três anos fazendo à prova do Enem, me inscrevendo no prouni disputando com vários estudantes a tão desejada e sonhada bolsa de estudos.

E como que por um milagre dos céus eu consegui, o dia da minha matricula foi um dos dias mais felizes da minha vida. Só me enganei em um ponto aquele não era o fim da luta, mas sim o começo da grande batalha que se iniciaria.

O mundo acadêmico foi abrindo meus horizontes, hoje estou amadurecida e mais convicta ainda dos meus propósitos, já faz três anos que entrei na sala de aula do curso de jornalismo pela primeira vez.

Eu venci o medo, o receio e venho me destacando com boas notas, participação ativa nas aulas. Mas isso não é o suficiente por que o grande desafio eu ainda não venci o cruel mercado de trabalho.

Ter ideais desejo de mudança, melhoria na vida da sociedade, a vontade de exercer um jornalismo transparente com o leitor, não é o que o mercado capitalista deseja do profissional jornalista.

O capital que transforma tudo em mercadoria e só visa o lucro, não quer jornalismo comunitário , não quer agentes da verdade , da noticia sem fins lucrativos.

É contra esse vilão a minha grande luta, eu não tenho inglês fluente, ainda não viajei para fora do país, não estudo na “melhor “ universidade do Brasil, mas eu sou Paula Farias tenho caráter e sonhos .

E é justamente isso que eu não vou deixar morrer jamais. É uma luta muito desigual esse momento atual da pós-modernidade esse sentimento de tédio, de fracasso, onde as relações humanas estão tão superficiais causa angustia e desespero.

A todo o momento me pergunto será que vale a pena? Será que o melhor não seria esquecer tudo isso e viver com tantos entorpecidos na alienação e com falsa sensação de felicidade.

Mas quando eu saio nas ruas e vejo os rostos dos cidadãos comuns tão tristes, com o olhar perdido em meios as dificuldades do dia a dia, quando vejo crianças dormindo no chão sem saberem se vão acordar no dia seguinte, quando leio tantas noticias sobre escândalos, crimes, desigualdade social, racial que continua fazendo padece sobre milhões de brasileiros.

Quando eu volto para casa e olho no rosto da minha mãe e vejo o sorriso do meu irmão eu já consigo mais uma vez me enxergar e perceber que nem se eu quisesse não daria nunca para mudar de lado no meio da guerra.

E o mais impressionante eu não escolhi esse lado eu já nasci dentro dele, e o jornalismo é a arma escolhida pra fazer a transformação. Informação é poder precisamos tomar de assalto todos os espaços que tenham jornalistas, médicos, advogados, psicólogos, assistentes sociais enfim que em todas as camadas da sociedade tenham profissionais vindos da periferia com a mesma sede de justiça , paz e liberdade que eu tenho.

É por tudo isso que eu não vou desistir muito sangue inocente foi derramado para que hoje eu pudesse ate mesmo escrever esse desabafo.

Eu vou honrar meus antepassados e prosseguir na luta, por que cada suor e lagrima não será sendo em vão.

Saúde feminina


A prevenção e a informação fazem toda a diferença para ter uma vida saudável

Por Paula Farias


O câncer de mama é uma doença que afeta a saúde e a percepção da sexualidade feminina.

Esse vilão que prejudica a saúde das mulheres afeta principalmente as que estão com mais de 40 anos e já se tornou a principal causa de morte entre as mulheres brasileiras.

É preciso desmentir alguns mitos sobre o câncer de mama, nódulo de mama não significa câncer de mama. A maioria dos nódulos são benignos.

E quanto mais cedo à doença for diagnosticada mais chances de cura a mulher tem, por isso é de extrema importância a realização de exames de imagem, como a mamografia, anualmente, a partir dos 40 anos.

Não há desculpas para a não realização dos exames preventivos, e ainda há o auto-exame, que deve ser realizado em média a partir do terceiro ou quarto dia após a menstruação.

Ele é muito simples de ser realizado é preciso que a mulher sinta melhor a própria mama, com o braço levantado, em pé e depois deitada, ela mesma vai realizando o auto- toque de uma forma simples, mas que faz toda a diferença.

O exame preventivo é a melhor forma de precaução, a vergonha ou timidez deve ser deixados de lados, já que a saúde feminina deve permanecer sempre em primeiro lugar. Não é admissível que em pleno século XXI mulheres ainda morram por terem vergonha de se auto tocar ou de procurarem um médico.

O que causa o grande numero de mortes de mulheres brasileiras é justamente a falta de informação e da auto prevenção. Por que uma vez que a doença é diagnosticada rapidamente a paciente é encaminhada ao tratamento e as chances de recuperação são enormes .

Quando acontece alguma alteração no exame mamográfico anual, a mulher é submetida a uma biópsia, que é um procedimento simples, com anestesia local. Se o resultado for positivo dependendo do grau que esteja o nódulo, ela já é encaminhada para a, avaliação que dirá qual será a cirurgia mais adequada.

Após o ato cirúrgico o tratamento continua através da quimioterapia e com o avanço da medicina os efeitos colaterais são muito pequenos.

Já para os casos mais graves onde é preciso fazer a retirada da mama, à reconstrução pode ser feita em uma segunda cirurgia ou até de maneira imediata dependendo de cada caso.

O que deve ficar bem claro é que depois do câncer a mulher volta a ter uma vida normal, e que a prevenção é o melhor remédio para evitar e tratar o problema.

E com os avanços da medicina mais a busca diária pela informação de como se cuidar é o que vai levar as mulheres a manterem uma vida saudável..

29/05/2011

Vala de Perus histórias descobertas, responsáveis impunes



Descoberta 1049 assadas de militantes políticos em 1990, a Vala de Perus mobilizou várias comissões em busca da verdade e da identidade dos responsáveis.

Por Angelina Miranda e Paula Farias



O cemitério Dom Bosco conhecido como cemitério de Perus, recebe esse nome devido à localização do bairro que faz divisa com a cidade de Caieiras. O cemitério Dom Bosco poderia ser só mais entre tantos outros na cidade, não tivesse sido na ditadura militar um dos locais escolhidos pelos repressores do regime, para o sepultamento clandestino de militantes políticos na década de 70, a chamada Vala de Perus.
Criado em 1970, pelo então prefeito da época Paulo Maluf com a participação do já falecido Romeu Tuma responsável pelo DOPS (Departamento Estadual de Ordem Política e Social) de 1967 a 1983, e o diretor da Eletrobrás Miguel Colasuonno. Logo na sua inauguração era um cemitério exclusivo para corpos de indigentes, posteriormente Maluf ordenou a construção de quadras marcadas para “terroristas”.
Recentemente em 2009 o Ministério Público Federal pediu que estes fossem condenados a pagar indenização e que perdessem suas funções públicas ou aposentadorias. Pois são acusados de participar do funcionamento da estrutura que ocultou cadáveres de opositores da ditadura nos cemitérios de Perus e da Vila Formosa.
Ambos os três afirmaram desconhecer os fatos da acusação, e ficou tudo por isso mesmo.
Após vinte anos dos sepultamentos ilegais, em 1990 a prefeita de São Paulo Luiza Erundina liderou a frente de busca pelos restos mortais de desaparecidos, e após o trabalho de peritos do IML e da polícia técnica foram encontradas 1049 ossadas.
O cemitério Dom Bosco guarda parte da história do período ditatorial que durou 21 anos, e mesmo as pessoas que moram no bairro há muito tempo, e/ou os que trabalham no cemitério quisessem apagar da memória tais acontecimentos não poderiam. Pois o chamativo memorial vermelho erguido no cemitério Dom Bosco pelo arquiteto Ricardo Ohtake, sempre estará a lembrá-los com os seguintes dizeres: “Os ditadores tentaram esconder os desaparecidos políticos as vítimas da fome, do estado policial, dos esquadrões da morte e sobre tudo os direitos dos cidadãos pobres da cidade de São Paulo. Fica registrado que os crimes contra a liberdade serão sempre descobertos. Luiza Erundina e Comissão de Familiares de Presos Políticos Desaparecidos.”
Mesmo não esquecendo os acontecimentos, nenhum dos muitos funcionários do cemitério se pronuncia quando o assunto é a Vala de Perus. Um funcionário de aproximadamente 45 anos ao ser perguntado, sobre o que sabia do assunto responde secamente “Fale com o Hélio!”
Heliontero Alves conhecido como Hélio é o diretor do cemitério e o único responsável a dar alguma informação sobre o caso, mas falar com ele também não é tarefa fácil. Ao ser perguntado por ele, seu secretário informa com ironia após olhar o relógio “Ele só poderá atender daqui três horas, e não é garantido que fale alguma coisa.”
Mesmo passado muitos anos do descobrimento da Vala de Perus o assunto é ainda muito censurado. Mas não para algumas comissões formadas por parentes de desaparecidos políticos, e políticos engajados com a causa.


Comissão da Verdade
Antes de ser aprovada causa polêmicas e deixa muitas incertezas no ar.


Ao contrário de países vizinhos como Argentina, Peru e Chile, o Brasil desde o fim do período ditatorial até os dias atuais nunca conseguiu investigar com veemência os crimes cometidos pelos militares. Crimes como os desaparecimentos de civis, torturas, prisões arbitrarias, ocultação de cadáveres, e ações que violaram os direitos humanos de inúmeros cidadãos brasileiros que eram contra o Estado.
Para tentar passar a limpo esse período de repressão no país, o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou em maio de 2010 um projeto de lei que cria a Comissão da Verdade. O propósito da Comissão é de promover a ”reconciliação nacional”, ou seja, investigar e esclarecer os crimes que foram cometidos no período da ditadura , ainda que esses tenha ocorrido no exterior. O projeto está no congresso esperando votação para ser aprovado. Mas mesmo antes de sua aprovação a Comissão da Verdade está causando muitas polêmicas e incomodando aqueles que querem colocar uma pedra em cima do assunto, como as Forças Armadas que já se declarou totalmente contra a esta ação.
Justamente por buscar a verdadeira história do país, a Comissão da Verdade esta passando por verdadeiros boicotes que envolvem a grande mídia, militares e políticos da oposição que não querem que a comissão seja aprovada .
Porém a presidente Dilma Rousseff colocou como meta para este ano que a Comissão seja aprovada. Não foi a toa que nomeou a Ministra de Direitos Humanos Maria do Rosário encarregada de cuidar dessa aprovação no congresso fazendo parcerias, e promovendo o debate entre os deputados.
Essa é uma das metas do 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, que inclui entre outros temas a defesa da descriminalização do aborto, a união civil homossexual, a revisão da Lei da Anistia, e a mudança de regras na reintegração de posse em ocupação de terras e a instituição de critérios de acompanhamento editorial de meios de comunicação.
“Mas o que causa até certo conforto para quem tem o que esconder é justamente o fato da Comissão da Verdade não poder responsabilizar criminalmente nenhum torturador, devido à lei de Anistia que impede essa ação.” Afirmou o Paulo Sergio Pinheiro que é diplomata carioca, e exerce dentro da ONU o cargo de relator especial l para a situação dos direitos humanos de Myanmar. A declaração faz parte de uma entrevista concedida ao jornal Estado de São Paulo em fevereiro desse ano.
O papel da Comissão da Verdade será apenas o de reconstituir efetivamente o que ocorreu. “É preciso saber a verdade sobre os crimes cometidos pelos agentes do Estado, o que aconteceu com os dissidentes estamos cansados de saber”. Conclui o diplomata.
A lei de Anistia dá subsídio aos torturadores da época da ditadura, caso não seja modificada mesmo que a Comissão da Verdade seja instaurada não punirá com prisões os culpados. Deixará exposta uma lista com os nomes envolvidos, mas não poderá obrigar-ós ao comparecimento em audiências.
Enquanto isso o Brasil continuará sendo um país que se mostra cada vez mais incapaz de passar sua própria historia a limpo.

02/05/2011

Emancipação feminina uma luta constante

Desde a criação da humanidade independentemente de crenças religiosas o sexo feminino sempre foi visto como um ser inferior ao masculino e tratada dessa forma.

A evolução das mulheres foi acontecendo gradativamente junto com a evolução das sociedades.

Os direitos femininos não foram dados gratuitamente pelo contrario foram conquistados na base de luta e diante da impossibilidade de permanecer tal forma de subjugação devido ao avanço das tecnologias e da evolução das sociedades.

Em um passado não muito distante as tarefas de lavar, passar, cozinhar, cuidar do lar era somente das mulheres, hoje em pleno século XXI, novos trabalhos forma incorporados a rotina feminina, criar os filhos sozinha, trabalhar nos mais variados empregos fora de casa, ser chefe de família , pagar as contas.

Quantas mulheres hoje estão nessa situação em todo o mundo na busca diária pela independência e liberdade e em contrapartida quantas estão ainda vivendo como seres dependentes e subjugados.

Parece difícil de acreditar que ainda existam mulheres que se sentem inferior aos homens pior a homens que são na verdade seus maridos. Por que esses maridos usam a força física e psicológica para agredir, e escravizar as esposas dentro do pensamento de que elas não são capazes.

Em um mundo onde há inúmeras mulheres em cargos de chefia nos governos, empresas, instituições de poder, ainda há mulheres que nem sequer se sentem no direito de saber ler ou escrever ou ter uma profissão.

A violência é assustadora são mulheres agredidas, humilhadas, violentadas e mortas todos os dias no Brasil no mundo. É

nesse contexto de luta diária que se segue que é preciso sim iniciativas publicas para que a emancipação feminina aconteça para todas e não para apenas um pequeno grupo de mulheres.

Pelo contrário que esse grupo de mulheres sirva de exemplo e superação para as demais que ainda vivem como servas igual as do século passado.


Texto : Paula Farias