
A Galeria é um dos pontos de encontro mais conhecidos de cidade de São Paulo passam em média 5 mil pessoas todos os dias.E o rap esta presente nesse mundo a parte que existe bem no centro da maior cidade do Brasil.
Basta observar o sub solo lugar onde as lojas de hip hop predominam a todo momento passam os “ manos” do rap, com suas calças largas, camisetas compridas, boné pra trás,tatuagens a mostra.
Eles possuem um modo diferente de andar, de quem não se importa com o que os outros irão falar, o orgulho de ser do rap é carregado no corpo, em cada gesto.
Quando os manos se encontram o aperto de mão sela o respeito, logo em seguida vem as perguntas como vai a quebrada?, Como ta os corres?, São os dialetos da periferia tomando o centro de São Paulo. E não são só os manos do rap que frequentam o sub solo , as minas que fazem parte do movimento também sempre estão por lá , afirmando a presença feminina no movimento periférico.
Representando a cultura hip hop, a musica negra, há também salões especializados em penteados afros.
Um dos pontos que chama a atenção na Galeria é que no mesmo espaço em que os manos e minas do rap vivem , há também pessoas de outras tribos passando a todo momento, ambos convivem no mesmo ambiente de forma pacifica e respeitosa.
O rap que muitas vezes é taxado de violento por uma parcela da sociedade, mostra um verdadeiro exemplo de cidadania e ensina que é possível conviver com as diferenças.
O sub solo é dominado pelo rap se comparado com os demais andares onde predomina as lojas de artigos de rock.
Pode parecer pouco mais quem é do rap e sabe realmente toda a dificuldade que o movimento enfrenta , reconhece que isso é uma grande vitória, de todo um povo que encontrou na música uma forma de protesto e resistência.
Assim pensa Douglas, 19 anos,. “Apesar da maioria das lojas serem de rock, eu acho muito importante as lojas de rap estarem ali pois eu encontro vários CDs, roupas e consigo várias informações sobre shows de rap.. .”
A participação do rap dentro da galeria tem também uma questão social, é uma forma de luta, da periferia ocupar o centro e mostrar todo o seu trabalho.
Douglas é um mano que curte o movimento e frequenta a galeria há muitos anos e quando questionado sobre o que o rap significa para ele , o mano manda a ideia “Temos que ocupar esse espaço e muitos outros e aproveita da melhor forma possível…O RAP pra mim é um estilo de vida, é tudo aquilo que eu tenho vontade de dizer, independente de ser gangster, underground, gospel…nunca muda… e sempre vai fazer parte da minha vida…”
A música tem o poder de transformar e o rap mistura ritmo e poesia é uma forma de revolução.
São nas letras fortes e contundentes do rap nacional que o povo da periferia se identifica e encontra força para continuar na luta diária contra as dificuldades de quem enfrenta a discriminação pelo lugar onde mora , o preconceito pela cor da pele, e nem por isso de deixa abater.
Confira diferentes opiniãoes sobre a importância do Rap dentro da galeria do “Rock”.
Ferréz que é referência na literatura marginal e fundados da marca 1DASUL, também manda a idéia sobre a importância do rap dentro da galeria
Como aconteceu a abertura da loja 1DASUL, na Galeria 24 de Maio?
Ferréz: Foi algo que pensei muito, mas era no final das contas óbvio, pois recebíamos muitos pedidos de vários lugares, e como não dá para estar nas quatro zonas de sampa, optamos pela parte central, e também pelo prazer de estar na galeria que acompanho desde a infância.
Como você analisa as lojas de rap dividindo o mesmo espaço com outros estilos musicais?
Ferréz: Acho muito bacana, democrático, é a cara do Brasil, sem preconceitos, você está na porta da sua loja e passa um punk, depois um roqueiro e depois rapppers, isso é bem bacana, cultura é isso, diversidade.
O que significa para o Rap Nacional fazer parte da Galeria que é considerada do Rock?
Ferréz: Acho que no final a galeria é um pouquinho de cada cultura, tem loja de brinquedos raros, lojas de bolsa de couro, lojas de vinil, , então é uma salada cultural interessante, acho que o rap só tem a ganhar com um espaço diverso, pois você beber só da sua cultura não acaba agregando nada, temos que pousar em outras partes, beber de outras fontes, para somar na cultura Hip-Hop.
O Rap Nacional é um estilo marginalizado pela sociedade, sua loja ja sofreu algum tipo de preconceito dentro da Galeria ?
Ferréz: Não. Acho que esse discurso já está meio velho, nós crescemos, nos profissionalizamos, não somos moleques rebeldes sem causa. Sabe a cultura hoje é formada por muitos empresários, pais de família, profissionais de vários ramos, essa coisa de marginalizado é para quem se acha assim, uma coisa é representar o gueto, o povo sofrido, as pessoas que precisam de mudança em sua vida, outra coisa é ser negativista, ficar reclamando, se achando oprimido por tudo. A cultura prega a evolução, não só de consumo, mas como ser humano, acho que é nesse patamar que a cultura está também, achando seu lugar para poder se expandir. Na loja se encontra produtos bons, um atendimento profissional, bem feito, com cds, dvds, livros, tudo isso para emancipar os corações em conflitos, vestir uma boa roupa, com uma frase ideológica, com um símbolo nosso, isso é vitória.
O que você acha que pode ser feito para que novas lojas de rap sejam abertas na Galeria ?
Ferréz : Acho que precisam de identidade, vejo lojas que são clones, somente clones de coisas gringas, acho que temos que ser nós mesmos, e falta mais iniciativa dos manos do movimento, que tem que tomar a cultura, hip-hop não é para ser vendido por chinês, coreano, temos que trabalhar com nossa cultura, lutar por ela.
NDEE Naldinho tem mais da metade de sua vida dedicada ao rap nacional, já são 22 anos de carreira. Naldinho é um ícone do rap nacional e sempre esteve presente na galeria.
O que você acha das lojas de rap dentro da Galeria onde o rock é a grande maioria?
NDEE Naldinho: A galeria existe há mais de 40 anos e sempre teve essa diversidade musical dentro dela, não vejo nada de errado nisso. Quem gosta de rap sabe pra onde se dirigir. Para as lojas de rap é claro
Você que já é um rapper bem experiente, como encara as mudanças que aconteceram nesses últimos anos ?
NDEE Naldinho: Tudo muda, os tempos mudaram e a galeria também mudou, e se adaptou a essas mudanças. A galeria tem grande importância para nós rappers, e possuem produtos ligados ao rap.
O que você acha dessa diversidade, te incomoda o fato de dividir o mesmo ambiente com pessoas que gostam de outro estilo musical ?
NDEE Naldinho: O fato de ter outros estilos musicais alem do rap não me incomoda , pois o rap assim como outros que lá existem tem seu espaço e respeitam o espaço dos outros. A galeria é um símbolo de democracia cultural de São Paulo e nós do rap fazemos parte dela!
Defina a importância da galeria para o rap ?
NDEE Naldinho: Os primeiros discos que comprei foi na galeria da 24 de maio, foi e é importante para mim e para outros rappers por ter acesso mais fácil a música . A galeria tem e faz história, os rappers tem essa ligação muito forte,lá os rappers se reúnem, dão entrevistas cantam e atendem seu fãs . A galeria é um lugar histórico para a música negra , sempre que tem algo novo no mercado passa primeiro na galeria e depois vai pro Brasil a fora, mesmo com o avanço da internet a galeria continua ativa.A galeria é importante pro rap.
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