31/12/2010

2010 um ano que marcou o Rap Nacional

Salve geral para todos do Hip Hop Nacional que permaneceram e somaram conosco nesse ano que esta quase acabando, 2010 foi sem dúvidas um ano que marcou a todos nós.

Vivemos momentos de extrema tristeza e revolta como quando perdemos a Rainha do Rap Nacional Dina Di de uma forma tão inesperada, uma negligência levou a Rainha.

Mas como já foi dito morre o corpo, mas não a história, sem dúvidas Dina Di entrou para a história, é impossível falar de rap nacional e não lembrar dela .

E finalmente após 07 anos de impunidade foi condenado a 14 anos de prisão o homem que assassinou o eterno mestre do Canão Sabotage. Nada trará Sabotage de volta, mas ele permanece vivo, em cada mano que veste a camisa com seu nome, em cada mano que continua cantando e vivendo que “Rap é Compromisso Não é Viagem”.

2010 também foi o ano de lançamentos de vários vídeo clipes de rap nacional, um dos manos que ajudaram nessa popularização e maior qualidade nos vídeos foi o Vras 77 que também faz parte da equipe do Portal Rap Nacional.

Por falar em lançamentos CDs também chegaram as ruas entre eles : Mudança , MixTape O Jogo, Questão de Honra, Na Cena , Um Por Todos , Emicidio , Das Ruas Pro Mundão, Exército dos Excluídos, Rimas de Sangue, Us Verdadeiros Num Cai, O Juiz Mais Justo, Alvos da Lei o Que Não Mata Fortelece , nossa foram vários me desculpem se faltou alguém .

O Rap Nacional mostrou mais uma vez toda a sua força e uma grande mobilização trouxe de volta o programa Manos e Minas para o ar. Em falar em televisão impossível não mencionar a participação do mensageiro da verdade MV Bill na novela Malhação.

E o rap esse ano conquistou mais espaços para shows graças ao Projeto Origens que levou shows de rap nacional para o centro de São Paulo, A festa do Don Pixote que levou grandes nomes da nossa musica para a Vila Madalena, A Cartada que agitou a zona leste.

E como não falar das junções de rappers, “A Gang“, ” A Cartada” e agora chegando para somar também ” Na Cena”, vários rappers compartilhando o mesmo palco,e multiplicando no rap.

Shows de rap nossa foram muitos : O Rap Festival, Dexter e Convidados , Mixtape O Jogo, show de aniversario do Portal Rap Nacional, 100 % Favela , Festa das Crianças do NDEE Naldinho, Lançamento do novo álbum do Consciência Humana , Lançamento do Ordem Própria, Lançamento do A286 e tantos outros por todo o Brasil.

E sem duvidas a literatura já é o quinto elemento, rappers lançando livros como o Poeta Gog. Saraus espalhados pelos quatro cantos da periferia, Cooperifa, Sarau do Binho , Sarau da Fundão, Sarau do Ademar, Sarau do Buzo, Sarau da Brasa.

Esse ano também aconteceu o Prêmio Preto Ghóez, que premiou 135 iniciativas voltadas ao hip-hop em todo o país.

E os belos projetos sociais como o Periferia Ativa, localizado no Capão Redondo que oferece gratuitamente para as crianças da região diversas aulas e oficinas.

Ainda teve fortalecendo o rap feminino o 2º Encontro de Hip Hop Feminino, o aniversário da casa de Hip Hop.

Esse foi 2010 para o rap nacional , claro que em poucas linhas fica difícil para falar de tudo que rolou , mas quem vive o rap como nós vivemos sabe , porque sentiu na pele , cada emoção cada tristeza.

Temos é claro muito o que melhorar , evoluir , é preciso corrigir os erros , aprender com as falhas , mas essa lição deve ser aprendida no dia a dia.

O rap nacional é forte , e continua sendo a voz da periferia que bate de frente contra a opressão do inimigo.

É o Rap que diz “ Tamo Junto” , “‘É Nois” esses são os nossos dialetos , nossa forma de união de vencer o individualismo, porque somente venceremos unidos .

E para que realmente 2011 seja um ano novo, que a sede de justiça permaneça viva em cada um de nós, porque a luta continua.

Faça você também a sua reflexão. Rumo a 2011…Com muito Rap Nacional

Ufa ! Acho que acabou, se eu me esqueci de alguém, ou de algum acontecimento por favor me desculpem , os comentários abaixo estão livres como sempre completem participem , somos uma grande família

Família do Rap Nacional e estaremos juntos em 2011, sabe porque ???

Por que o Rap Nacional não para.


Paula Farias

28/12/2010

MixTape " O JOGO" compre já


Já está a venda na Galeria 24 de maio o cd mais esperado do ano MixTape " O JOGO" , do DJ BOLA 8.

Com as participações de Dexter, Realidade Cruel, Facção Central. A286, A Familia DBS, Inquérito e muito mais . Compre já o seu porque o JOGO já começou.


Vendas mixtapeojogo@hotmail.com

http://www.youtube.com/watch?v=ARqVVsxVhZQ






20/12/2010

Uma visão alternativa


Por Angelina Miranda e Paula Farias


O jornalista Márcio Amêndola de Oliveira nasceu em São Paulo, em 1960 e é o terceiro de cinco irmãos. O pai era artista plástico e trabalhava no IBGE, sua mãe professora primária. Teve uma infância tranqüila típica de quem mora no interior, mas teve um fato que o marcou. Um dia viu enormes helicópteros do exército descendo em campinhos de futebol perto de sua cidade. Achou aquilo maravilhoso e pensou em ser militar quando fosse adulto. O que só soube anos depois, é que aquela era uma movimentação do exército, em plena ditadura na tentativa de cercar e matar o legendário Capitão Carlos Lamarca. Isto foi o que mudou um pouco seus objetivos.Em meados 1977 com 16 anos foi trabalhar em uma redação, no jornal Voz da Terra jornal diário da cidade de Assis, interior de São Paulo.
Os dias de trabalho erma quase sempre iguais, mas em um de seus plantões no jornal chegou um teletipo (uma espécie de fax da época) dizendo que o Papa João Paulo I havia morrido. Ligou para seu chefe e contou a notícia. Esse foi seu primeiro “furo de reportagem”, publicado primeiro que o Estadão e a Folha. Já em 1981 teve atividades paralelas. Foi sindicalista no Serviço Público Municipal e fundador de um Jornal Intermunicipal chamado Fato Expresso, que circulou entre 1985 e 2003 na versão impressa. Nesta mesma época filiou-se ao PT na sua fundação na cidade de Assis, fez a comissão provisória do PT com colegas da faculdade e a registraram em maio de 1981. Militou fortemente no PT até 1989. Foi justamente com o surgimento do jornal Fato Expresso que surgiram as incompatibilidades. O jornal era imparcial e independente, e o PT de Embu das Artes via a linha editorial como sendo esquerdista e favorável ao partido. Chegaram a abrir vários processos de expulsão contra o jornalista, por matérias publicadas no jornal, que contrariava este ou aquele político. Sempre se defendeu desses “processos” e não conseguiram expulsá-lo, “Sou filiado do PT até hoje por “teimosia”, mais que por uma efetiva militância, já que me desencantei da política partidária.” Atualmente voltou com o jornal Fato Expresso na versão online.



Por que optou seguir a carreira de jornalismo político, justamente numa época difícil como foram os "anos de chumbo"?

Márcio Amêndola de Oliveira - Desde os tempos da faculdade de Letras, tive uma forte influência do jornalismo político. No início foi aquela coisa parcial, militante, contra a ditadura. Com o tempo, durante meus 17 anos de experiência no jornal que criei, junto com mais três amigos, fui me especializando em pesquisas eleitorais e análises de conjuntura. Tive de pensar os fatos de maneira mais abrangente e imparcial. Na militância contra a ditadura, entre 1979 e 1984, nas campanhas da Anistia e depois, das Diretas, consolidei minha experiência nesta área. Eu colaborava para pequenas publicações, e cheguei a ser o responsável pelo Boletim Informativo do PT de Embu. Em 1985 parti para a experiência em um jornal, criando o Fato Expresso.
Acompanhei as eleições de 1989, as primeiras depois do período militar. É claro que ‘torcemos’ pelo Lula, mas cobrimos a eleição sem paixões, e demos os resultados da vitória do Fernando Collor de Mello na primeira página.
Quando os escândalos estavam por derrubar o presidente, combinei com o meu sócio de distribuirmos o jornal vestidos de preto. Pusemos camisetas pretas, fita preta na antena do rádio da Kombi, e quando vimos, todo mundo estava de preto nas ruas. Foi de arrepiar. Um movimento coletivo, espontâneo, contra o governo.
Então, o jornalismo político sempre esteve nas minhas veias. Também apuramos denúncias contra prefeitos corruptos, um de Embu, outro de Taboão da Serra. O de Embu chegou a ser cassado com a ajuda das nossas investigações. Uma vez também apuramos a corrupção de 40 vereadores de Embu e Taboão da Serra. Fomos ameaçados de morte, cheguei a apanhar na rua, ficar cercado por uma ‘turba’ de cabos eleitorais de vereadores, numa sessão da Câmara de Taboão da Serra, em 1999. Mas escapei e não abri mão de meus princípios, de apurar a verdade e devolver aos cidadãos em forma de reportagem.


Como você analisa a participação da grande mídia nessas eleições?

MA - O jornalista Paulo Henrique Amorim, que tem um site ‘venenoso’ e também atua na TV Record, chamando os grandes jornais de PIG (Partido da Imprensa Golpista). Exageros à parte e guardadas as devidas proporções, creio que o papel da grande mídia foi muito parcial neste processo eleitoral. A revista Veja distorceu tanto as premissas do bom jornalismo, que caiu na vala do jornalismo militante, a serviço do que há de mais reacionário e conservador na política brasileira.

Então, não creio que os grandes jornais fizeram um bom papel nestas eleições. Se as denúncias contra o governo Lula fossem tão sérias e graves, como faziam parecer entre agosto e setembro (o mundo parecia que ia desabar), porque então hoje, agora, quase não se fala mais nestas ‘denúncias’? Então, a Globo, o Estadão, a Folha de S. Paulo, a Veja, têm explicações a dar a seus leitores. Aliás, estes veículos vêm perdendo cada vez mais espaço para as chamadas mídias alternativas. Veículos independentes, com circulação e públicos menores, mais segmentados estão ganhando espaço. Basta ver na Internet, muitas experiências de jornalismo alternativo. Quando eu era adolescente, a audiência do Jornal Nacional girava em torno de 90%. Tinha até uma frase que dizia: “Se não deu no Jornal Nacional, não aconteceu”. Isso simplesmente acabou.

Estas eleições foram marcadas pela imprevisibilidade, as pesquisas afirmavam que Dilma ganharia no primeiro turno, o que não aconteceu. Serra chegou ao segundo turno por méritos da Marina ou pelos deslizes de Dilma?

MA - Nem uma coisa, nem outra. Na verdade, a mídia teve uma participação decisiva neste desfecho que empurrou as eleições para o segundo turno. O debate político foi jogado no lixo. A uma semana das eleições só se falava em aborto e em Erenice Guerra? A mídia pautou temas que passavam longe da esfera pública. Descobrir se Dilma Rousseff foi guerrilheira, se matou alguém, se não acreditava em Deus ou se apoiava o aborto, foi o que pautou os últimos dias do primeiro turno. Ninguém na mídia queria saber mais se o governo errava ou acertava, se a candidata de Lula era ou não capaz de manter a estabilidade econômica e o crescimento do País, se os milhões de empregos criados eram ou não importantes para a decisão do voto. É claro que, sob os ataques incessantes da grande mídia, Dilma sentiu o golpe. Como o perfil de seu eleitorado era mais próximo do de Marina Silva, esta acabou se beneficiando na reta final, por aqueles eleitores que se abateram pelo noticiário. Marina tinha ainda um apelo religioso, já que é evangélica e todos sabem que ela é contra o aborto. Mas Serra também ‘surfou’ nesta maré obscurantista, já que andou beijando santinhos. As pesquisas não ‘erraram’. Foi a conjuntura que se modificou rapidamente, apoiada em boatos em parte espalhados pela própria grande Mídia, e na radicalização do processo político. Tanto é que, quando as coisas voltaram, digamos assim, à ‘normalidade’, as pesquisas conseguiram captar com precisão a movimentação eleitoral do segundo turno, acertando em cheio os resultados finais das eleições, tanto nos Estados, como para a presidência.


Num programa eleitoral do candidato José Serra sua imagem foi claramente associada à do presidente Lula, cujas posições políticas e ideológicas são totalmente contrárias às do candidato tucano. Como você justifica este e outros erros grosseiros do PSDB nesta eleição?

MA - A campanha de José Serra foi uma comédia de erros, praticados pelos ‘marqueteiros’ que usaram e abusaram em subestimar e tentar manipular a opinião pública. A princípio, pensaram assim: “O presidente Lula tem 80% de aprovação, não dá para enfrentá-lo”. Então surgiram com essa idéia mirabolante de tentar dizer “Depois do Lula, vem o Zé”, afirmando que ele, José Serra, era ‘mais parecido’ com Lula, por sua biografia, sua capacidade técnica, por ter participado de mais eleições e ocupado mais cargos públicos do que Dilma. Ocorre que os projetos políticos são bem diferentes, e as alianças, também. É claro que o PMDB, por exemplo, apóia e apoiaria qualquer governo. Eles estão ‘no poder’ desde os tempos de Sarney, mas há diferenças importantes entre os dois projetos de poder, do PT e do PSDB.

Outro erro grosseiro foi transformar José Serra num paladino da moral, da religião e dos bons costumes, contra o aborto. Serra, um ex-militante da UNE, sabidamente um sujeito sem religião (nenhuma crítica aí, eu próprio não tenho religião), passa a falar de Jesus, colocar isto em seus panfletos, beijar rosários e erguer santinhos em plena Basílica de Aparecida do Norte. Tudo isto pode ter até agregados os votos de alguns incautos, mas acabou por afastar grande parte dos votos de uma classe média avessa à mistura de religião e política.

Como você avalia a participação de Marina Silva nestas eleições? Acredita na possibilidade de vitória em 2014?

MA - Marina veio com um discurso novo, necessário, de defesa do meio ambiente. Mas a Marina está longe de representar o pensamento ambientalista mais radical. Ela defende uma economia sustentável, mas o que se vê é cada vez mais uma impossibilidade de que qualquer nível de consumo atual seja seguro. A humanidade produz mais do que pode consumir e retira mais recursos da terra do que esta pode suportar. Ponto. Isto é uma discussão de modelo. Os capitalistas podem até agregar um discurso ‘sustentável’, mas no limite, defenderão muito mais seus lucros do que as conseqüências de seus atos. Além dessa defesa de uma pretensa ‘economia sustentável’ defendida por Marina, que coloca como vice-presidente o bilionário da Natura, empresa que sofre processo de indígenas por roubar princípio ativo de plantas amazônicas. A candidata ainda sofre de um conservadorismo religioso que não me agrada. Não creio que ela tenha muito futuro político, a não ser que reveja certas posições.

O que você espera do governo de Dilma Rousseff?

MA - Espero que mantenha as boas políticas do seu antecessor, que chega ao final de seu governo com 84% de aprovação, a maior de nossa história. Mas também espero que ela realize um governo menos personalista. Contestar um presidente com o perfil de Lula não é uma tarefa das mais fáceis para o bom jornalista. O sujeito se tornou quase uma unanimidade, e é perigoso para a democracia o culto a personagens que pairam acima do bem e do mal. Espero que Dilma aja no seu governo com um pouco mais de racionalidade, sem paixões. Neste sentido, será um governo com mais dificuldades. Não tem o carisma de Lula, e encontrará ainda pela frente uma oposição ressentida, além de uma arca de ‘Noé’ de alianças, que colocou quase todo mundo dentro deste projeto. É esperar e conferir. Torço para que dê certo, até porque votei nela. Não se espantem. Todo jornalista deveria deixar claro e deixar público seu voto. O que não dá é para abrir mão da isenção e espírito crítico. Mas ‘imparcialidade’ nos moldes dos manuais da Folha e do Estadão, não passam de hipocrisia.

As mudanças sociais necessárias são possíveis por meio da política, ou no momento atual os movimentos sociais é que podem gerar alguma transformação?

MA - Venho de uma escola política mais à esquerda, que não leva muita fé na política institucional, ou seja, acreditar nas mudanças por meio de eleições. O sistema proporcional é distorcido, alguns Estados elegem deputados com três mil votos, em outros são necessários 200 mil. Há vereadores demais e resultados de menos. O povo se acomoda, e deixa nas mãos dos outros os seus destinos, e por aí vai.
Vejo com simpatia os movimentos sociais, não as ONGs (entidades registradas e que acabam se transformando em apêndices da institucionalidade, atrás de verbas públicas para fazer serviços que o próprio governo deveria realizar). Por mais que critiquem, apóio o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e o MTST (versão Urbana), já que a concentração de terra neste País é um grande escândalo. Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, entre outros, fizeram reforma agrária e não me consta que sejam ditaduras comunistas. O latifúndio sim é um grande atraso, que só se vê em lugares como o Brasil.
Participo de um Instituto chamado “Zequinha Barreto”, que foi um jovem assassinado na ditadura (1971), juntamente com o capitão Carlos Lamarca. Nosso instituto tem um site, e defende a formação política dos trabalhadores, para sua luta pela transformação da sociedade. Iniciativas como esta, fora dos partidos, não nos mantém fora da política, muito ao contrário. Estamos apenas invertendo a pauta. A política partidária não responde a tudo, às vezes não responde a nenhuma questão realmente importante. Então aí entram os movimentos sociais. Por exemplo, passei a integrar um novo movimento em 2010, chamado ‘Movimento dos Blogueiros Progressistas’, uma iniciativa de jornalistas e blogueiros contra o conservadorismo e o golpismo da grande Mídia. Pensamento Único? Estou fora.

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Atividades atuais do jornalista Márcio Amêndola

Assessor de Comunicação da Câmara Municipal de Embu: www.cmembu.sp.gov.br

Coordenador de Documentação Histórica do Instituto Socialismo e Democracia José Campos Barreto – Zequinha Barreto: www.zequinhabarreto.org.br

Estudante no 4º Ano de História na USP (Universidade de São Paulo). Mantenho um Blog de História: http://contextohistorico.blog.terra.com.br

Organizador do Site jornalístico do jornal Fato Expresso: www.fatoexpresso.com.br

A importância do Rap dentro da galeria do “Rock”

A Galeria 24 de Maio se tornou um forte referencial na compra de produtos de rap. Durante muitos anos o rap, esteve restrito somente nas periferias de São Paulo, hoje em dia o cenário mudou e o rap esta ocupando o centro da cidade.

A Galeria é um dos pontos de encontro mais conhecidos de cidade de São Paulo passam em média 5 mil pessoas todos os dias.E o rap esta presente nesse mundo a parte que existe bem no centro da maior cidade do Brasil.

Basta observar o sub solo lugar onde as lojas de hip hop predominam a todo momento passam os “ manos” do rap, com suas calças largas, camisetas compridas, boné pra trás,tatuagens a mostra.

Eles possuem um modo diferente de andar, de quem não se importa com o que os outros irão falar, o orgulho de ser do rap é carregado no corpo, em cada gesto.

Quando os manos se encontram o aperto de mão sela o respeito, logo em seguida vem as perguntas como vai a quebrada?, Como ta os corres?, São os dialetos da periferia tomando o centro de São Paulo. E não são só os manos do rap que frequentam o sub solo , as minas que fazem parte do movimento também sempre estão por lá , afirmando a presença feminina no movimento periférico.

Representando a cultura hip hop, a musica negra, há também salões especializados em penteados afros.

Um dos pontos que chama a atenção na Galeria é que no mesmo espaço em que os manos e minas do rap vivem , há também pessoas de outras tribos passando a todo momento, ambos convivem no mesmo ambiente de forma pacifica e respeitosa.

O rap que muitas vezes é taxado de violento por uma parcela da sociedade, mostra um verdadeiro exemplo de cidadania e ensina que é possível conviver com as diferenças.

O sub solo é dominado pelo rap se comparado com os demais andares onde predomina as lojas de artigos de rock.

Pode parecer pouco mais quem é do rap e sabe realmente toda a dificuldade que o movimento enfrenta , reconhece que isso é uma grande vitória, de todo um povo que encontrou na música uma forma de protesto e resistência.

Assim pensa Douglas, 19 anos,. “Apesar da maioria das lojas serem de rock, eu acho muito importante as lojas de rap estarem ali pois eu encontro vários CDs, roupas e consigo várias informações sobre shows de rap.. .”

A participação do rap dentro da galeria tem também uma questão social, é uma forma de luta, da periferia ocupar o centro e mostrar todo o seu trabalho.

Douglas é um mano que curte o movimento e frequenta a galeria há muitos anos e quando questionado sobre o que o rap significa para ele , o mano manda a ideia “Temos que ocupar esse espaço e muitos outros e aproveita da melhor forma possível…O RAP pra mim é um estilo de vida, é tudo aquilo que eu tenho vontade de dizer, independente de ser gangster, underground, gospel…nunca muda… e sempre vai fazer parte da minha vida…”

A música tem o poder de transformar e o rap mistura ritmo e poesia é uma forma de revolução.

São nas letras fortes e contundentes do rap nacional que o povo da periferia se identifica e encontra força para continuar na luta diária contra as dificuldades de quem enfrenta a discriminação pelo lugar onde mora , o preconceito pela cor da pele, e nem por isso de deixa abater.

Confira diferentes opiniãoes sobre a importância do Rap dentro da galeria do “Rock”.


Ferréz que é referência na literatura marginal e fundados da marca 1DASUL, também manda a idéia sobre a importância do rap dentro da galeria

Como aconteceu a abertura da loja 1DASUL, na Galeria 24 de Maio?

Ferréz: Foi algo que pensei muito, mas era no final das contas óbvio, pois recebíamos muitos pedidos de vários lugares, e como não dá para estar nas quatro zonas de sampa, optamos pela parte central, e também pelo prazer de estar na galeria que acompanho desde a infância.

Como você analisa as lojas de rap dividindo o mesmo espaço com outros estilos musicais?

Ferréz: Acho muito bacana, democrático, é a cara do Brasil, sem preconceitos, você está na porta da sua loja e passa um punk, depois um roqueiro e depois rapppers, isso é bem bacana, cultura é isso, diversidade.

O que significa para o Rap Nacional fazer parte da Galeria que é considerada do Rock?

Ferréz: Acho que no final a galeria é um pouquinho de cada cultura, tem loja de brinquedos raros, lojas de bolsa de couro, lojas de vinil, , então é uma salada cultural interessante, acho que o rap só tem a ganhar com um espaço diverso, pois você beber só da sua cultura não acaba agregando nada, temos que pousar em outras partes, beber de outras fontes, para somar na cultura Hip-Hop.


O Rap Nacional é um estilo marginalizado pela sociedade, sua loja ja sofreu algum tipo de preconceito dentro da Galeria ?

Ferréz: Não. Acho que esse discurso já está meio velho, nós crescemos, nos profissionalizamos, não somos moleques rebeldes sem causa. Sabe a cultura hoje é formada por muitos empresários, pais de família, profissionais de vários ramos, essa coisa de marginalizado é para quem se acha assim, uma coisa é representar o gueto, o povo sofrido, as pessoas que precisam de mudança em sua vida, outra coisa é ser negativista, ficar reclamando, se achando oprimido por tudo. A cultura prega a evolução, não só de consumo, mas como ser humano, acho que é nesse patamar que a cultura está também, achando seu lugar para poder se expandir. Na loja se encontra produtos bons, um atendimento profissional, bem feito, com cds, dvds, livros, tudo isso para emancipar os corações em conflitos, vestir uma boa roupa, com uma frase ideológica, com um símbolo nosso, isso é vitória.

O que você acha que pode ser feito para que novas lojas de rap sejam abertas na Galeria ?

Ferréz : Acho que precisam de identidade, vejo lojas que são clones, somente clones de coisas gringas, acho que temos que ser nós mesmos, e falta mais iniciativa dos manos do movimento, que tem que tomar a cultura, hip-hop não é para ser vendido por chinês, coreano, temos que trabalhar com nossa cultura, lutar por ela.



NDEE Naldinho tem mais da metade de sua vida dedicada ao rap nacional, já são 22 anos de carreira. Naldinho é um ícone do rap nacional e sempre esteve presente na galeria.

O que você acha das lojas de rap dentro da Galeria onde o rock é a grande maioria?

NDEE Naldinho: A galeria existe há mais de 40 anos e sempre teve essa diversidade musical dentro dela, não vejo nada de errado nisso. Quem gosta de rap sabe pra onde se dirigir. Para as lojas de rap é claro

Você que já é um rapper bem experiente, como encara as mudanças que aconteceram nesses últimos anos ?

NDEE Naldinho: Tudo muda, os tempos mudaram e a galeria também mudou, e se adaptou a essas mudanças. A galeria tem grande importância para nós rappers, e possuem produtos ligados ao rap.

O que você acha dessa diversidade, te incomoda o fato de dividir o mesmo ambiente com pessoas que gostam de outro estilo musical ?

NDEE Naldinho: O fato de ter outros estilos musicais alem do rap não me incomoda , pois o rap assim como outros que lá existem tem seu espaço e respeitam o espaço dos outros. A galeria é um símbolo de democracia cultural de São Paulo e nós do rap fazemos parte dela!


Defina a importância da galeria para o rap ?

NDEE Naldinho: Os primeiros discos que comprei foi na galeria da 24 de maio, foi e é importante para mim e para outros rappers por ter acesso mais fácil a música . A galeria tem e faz história, os rappers tem essa ligação muito forte,lá os rappers se reúnem, dão entrevistas cantam e atendem seu fãs . A galeria é um lugar histórico para a música negra , sempre que tem algo novo no mercado passa primeiro na galeria e depois vai pro Brasil a fora, mesmo com o avanço da internet a galeria continua ativa.A galeria é importante pro rap.

Matéria e entrevista : Paula Farias