
Tive a honra de participar de uma matéria do site carioca Viva Favela , confira a matéria e deixe seu comentário.
Sarau rap vertente literária do Hip Hop
Michel se considera um aficionado pelo movimento Hip-Hop, seus ídolos são o A286, Realidade Cruel, e claro os veteranos Racionais M’cs e Facção Central. O que Michel não imaginava era que a literatura tivesse uma relação tão direta com o Hip-Hop – ao ponto de existir um sarau ligado ao movimento. O auxiliar de escritório não esperava ver o rapper Crônica Mendes, recitando uma de suas letras preferidas, Castelo de madeira, “Ouço o “mano” de manhã quando vou trabalhar, e vê-lo agora é louco! Pro cara estar aqui, é porque realmente representa o movimento.” Comenta impressionado.
O sarau rap está desmistificando estereótipos sobre o movimento Hip-Hop, que sempre foi marginalizado. Na cena contemporânea o rap se mostra e se firma como cultura, que faz a rima, a prosa e a poesia, “Isso é rap, só que recitado vira poesia, ou melhor, sempre foi eu que não sabia.” Concluí Michel.
Dentro do movimento Hip-Hop muitas artes estão se expandindo, e o sarau rap mostra essas vertentes. O graffiti, por exemplo, no fundo do palco traz identidade ao lugar. Aliás, palco acolhedor e diversificado que por vezes recebe o beatbox (sons ritmados, feitos com a boca), e o Freestyle (arte do improviso e da rima). A diversidade não está somente no palco – mas também na platéia. Como quando trouxeram garotos da fundação casa, que mesmo se identificando com os poemas, na sua maioria estavam participando de um sarau pela primeira vez.
O sarau rap também recebe a presença feminina. Moças e mulheres que recitam poemas com temas fortes, porém reais sobre o machismo e a violência contra a mulher, como a funcionária pública Lígia Harder, participante de vários movimentos culturais periféricos, conhecida pela voz marcante e as palavras impactantes.
Além disso, um dos quesitos que faz com que o sarau rap se consolide cada vez mais no movimento Hip-Hop é o espaço cedido àqueles que estão começando. Como o Jairo Periafricania, e os grupos de rap Versão Popular e o QI Alforria, que já se apresentaram no projeto.
Assim como o sarau rap, o movimento Hip-Hop abre portas, como foi o caso de Paula Farias de 22 anos, que há dois é repórter do Portal Rap Nacional, fundado pelo rapper Mandrake. Para ela trabalhar com o Hip-Hop é gratificante – pois além de fazer o que gosta, pode mostrar por meio do seu trabalho que a favela não é só violência, tem o seu lado positivo que tem que ser divulgado.
A estudante de jornalismo freqüenta outros saraus, como o sarau do binho e a cooperifa, e afirma que o sarau rap é diferenciado e tem características bem particulares, “Ele tem uma tendência a ser mais crítico e com poesias mais fortes, pois a essência do rap é o protesto.” Ressalta Paula.
Enfatiza também a importância do lugar, segundo ela o encontro ser realizado dentro de uma biblioteca faz diferença, o rap agora está no meio dos livros, “Estamos burlando as normas do sistema, estamos consumindo e fazendo arte.” Afirma Paula.
Um projeto como este é fruto de coragem, trabalho e perseverança de pessoas que gostam de falar e escrever sobre mudanças sociais, mas principalmente descruzar os braços e fazê-las acontecer. Como é o caso do poeta Sérgio Vaz que há dez anos criou o sarau da cooperifa, já lançou mais de cinco livros e recentemente foi premiado pela revista Trip, com o Transformadores 2010.
Texto Angelina Miranda / http://www.angelinamiranda.blogspot.com/
Fotos Nina Fidelis
Fonte : site http://www.vivafavela.com.br
ja estive presente é um sarau com uma vibe diferente muito bancana presiso frequentar mais vezes...
ResponderExcluir