25/01/2012

SP é a cidade dos contrastes que dói na carne


Por: Paula Farias




São Paulo é a cidade dos contrastes que  dói na carne e aperta o coração.
Onde a riqueza e a pobreza convivem lado a lado, se encarando todos os dias.
Na mesma marginal onde passa carros importados na porta de grandes empresas e bancos, logo ali ao lado passa o trem lotado com trabalhadores empilhados indo pro trabalho.
Logo mais a frente de um lado da ponte condomínios fechados, enquanto os vizinhos estão nas casas de alvenaria ou dentro do barraco de madeirite.   
E quando os empresários saem do teatro municipal, ou terminam o jantar em algum restaurante da avenida paulista precisam tomar cuidado para não pisarem em brasileiros que dormem na rua com seus papelões.

São os dois extremos, as duas pontas da pirâmide social que estão lado a lado em constante estranhamento.
Afinal para os da ponta de cima da pirâmide ter tanta pobreza ao lado incomoda , porque eles precisam blindar os carros, cerca as mansões, fechar o vidro nos faróis , dessa forma fica complicado fingir que moram na Europa .

Já para a massa que sustenta a pirâmide da desigualdade como aceitar tantas injustiças, educação, saúde, serviços públicos precários, o único órgão que chega ás periferias é  a policia em forma de violência de humilhações.

Como aceitar ser explorado pelo sistema, alienado pela grande mídia golpistas?
Como despertar a grande massa adormecida? Como fazer São Paulo deixar de ser a cidade de pedra?

Arrisco-me a dizer que somente o conhecimento é a chave da libertação, por isso mesmo a educação pública é uma catástrofe feita para moldar a mão de obra barata.

Busque o conhecimento não nos livros escolares, mas nas letras de rap que ecoam pelas periferias de São Paulo , nos livros da literatura marginal que começaram em São Paulo e se espalharam pelo Brasil.

E São Paulo não tem qualidade ?

Sim tem e muitas é o lugar onde se encontra de tudo um pouco e de todos um pouco.
Mas é preciso democratizar os acessos, as qualidades.

Que a cidade de pedra tenha dias melhores...

Foto: Google 

   

20/01/2012

Homens e Mulheres Placas



Por : Paula Farias

Eles estão espalhados pelas ruas do centro da maior e mais rica cidade do país, sempre parados  e mudos como estatuas , enquanto as pessoas correm de um lado para o outro e  varias vozes , ruídos se fundem no ar,  eles permanecem ali como que congelados são os homens e mulheres placas.

Confesso que por diversas vezes passei diante de um homem placa e fiz como tantos outros, mergulhada na pressa, pensando nos compromissos ou simplesmente viajando no rap que toca alto nos meus fones de ouvido eu passei direto. 

Mas ontem tudo mudou, enquanto passava próximo ao metro do Anhangabaú meu olhar foi certeiro no rosto de um homem placa. Ele era o típico trabalhador brasileiro  negro, cabelo começando a ficar grisalho, na faixa dos 50 anos e um olhar triste , perdido no horizonte.

Ele estava com um placa de lanches no corpo, no cardápio vários tipos de sanduiches e sabores de suco, que se chocavam com a tristeza evidente que ele tinha no olhar.

Tão evidente que me fez olhá-lo por vários minutos e me fez parar  e pensar , que raios de emprego é esse ? Fica parado na rua com uma placa no corpo, um verdadeiro anuncio humano.

E não precisa ser muito esperto para saber que provavelmente o salário recebido deve ser pouco , que a força de trabalho vendida não é renumerada como deveria . 
Que o sistema capitalista se alimenta e se sustenta de mais valia, extraída da classe trabalhadora , essa mesma massa de explorados que mal conseguem se alimentar e sustentar suas famílias.

E devido as condições precárias os trabalhadores se sujeitam porque não possuem escolha, com baixa escolaridade , as oportunidades são escassas, e aceitam qualquer tipo de trabalho e ainda agradecem, eles são "sortudos"  pelo menos  possuem trabalho e tantos outros brasileiros que nem isso tem.

Esse pensamento de conformismo com o pouco, com o que sobra é infiltrada na cabeça do trabalhador brasileiro, é o sistema dizendo viu como somos bonzinhos e te ajudamos.

O Brasil se tornou  a 6º economia do mundo, mas idai ? 
Somos ainda a nação que possui uma das maiores concentrações de renda do mundo, afinal do que adianta termos um bip recorde se as riquezas não são compartilhadas  ?
Como é possível que 10% de burgueses controlem e desfrutem de 90% das riquezas do país deixado para o trabalhador brasileiro responsável por produzir esses lucros apenas 10% da fatia do bolo ?

A concentração de renda é o que causa pobreza, que conseqüentemente  gera trabalhos informais,  e o terrorismo dentro do chamado emprego formal, porque o trabalhador vive com medo , coagido e não consegue lutar por seus direitos, ficando a merce da tirania de seus patrões,  “não está satisfeito com o salário, com as condições de trabalho então peça as contas”.

Quantas vezes você já ouviu essa frase, quando foi reivindicar alguma melhoria ???

Homens placas são um dos símbolos da exploração do capital sobre a classe trabalhadora, o capitalismo explora sua força de trabalho seja fazendo você repetir por horas os mesmos movimentos em uma fábrica ou fazendo você fica parado e mudo durante horas no meio da rua. 

Tudo visando o lucro seja com uma peça de carro montada, ou com uma sanduiche de carne.

E os nossos pais, irmãos, vizinhos, amigos, desconhecidos, vão se sujeitando a viverem como placas nas ruas ou como máquinas nas fábricas.

Onde só o olhar consegue demonstrar, o que a mente guarda e o coração tenta esquecer. 



 foto: google

05/01/2012

Mortos vivos do crack


Por: Paula Farias


Doentes do crack, vitimas do sistema com uma vida que virou fumaça junto com a pedra.
Feliz ano novo, e o ano eleitoral de 2012 já começou forte com uma mega "Faxina" na região de Cracôlandia , chamada pelos órgãos públicos de Integrada Centro Legal.
Mas o que não é nada legal é como as ações estão sendo desenvolvidas, tropa de choque, cavalaria, cassetete, armas, um exército de PMS contra uma exército de mortos vivos dependentes de uma pedra de um cachimbo.
São homens , mulheres, crianças, jovens, velhos, negros e brancos nas ruas escuras da cracolândia quando a fumaça começa a subir não há diferenças de gênero,  idade, etnia todos são iguais na loucura pela pedra, em busca da viagem para um outro mundo.
ssas pessoas há muito tempo não vivem mais no mundo "real" a dependência os levou ao maravilhoso mundo da brisa, que os fazem se comportar como mortos vivos perambulando pelas ruas do centro da maior cidade do país.
Dependentes de crack são doentes, não sabem distinguir o certo do errado, roubam para manter o vicio , não conseguem largar o maldito cachimbo e o governo trata doentes com policia . Alegando que primeiro será usada a força policial para depois serem disponibilizadas serviços de assistência social.
Há quantos anos a cracolândia existe ? Desde quando eu tinha 12 anos escutava falar na assustadora e perigosa cracolândia e hoje depois de 11 anos estou escrevendo sobre isso em pleno 4/1/2012.
Será que nesses anos todos não foi possível disponibilizar tais serviços para os doentes do crack ?
Seria possível sim , mas droga também é sinônimo de dinheiro, propina e corrupção. Tirar das ruas o lucro de muitos, não é um bom negocio para os magnatas do tráfico.
Estou me referindo aos grandes traficantes aquele que trazem as drogas de avião,  não ao noia que vende nas esquinas pra sustentar seu próprio vicio e vira e mexe é  preso e sai nas manchetes como traficante preso.
O mundo ilegal das drogas movimenta milhões é uma poderosa indústria por isso mesmo a cracolândia existe e vai continua por muitos anos ainda, enquanto não houver uma política eficaz de combate ao trafico de drogas e uma política de saúde pública voltada para os doentes usuários.
Enquanto isso continua tendo essa "Faxina" pelas ruas, eles prendem alguns "laranjas" expulsam os craqueiros de tal rua, tal praça que imediatamente migram para outros lugares.
Resumindo a sujeira é varrida pra debaixo do tapete.
Agora pra você que está lendo esse texto e as inúmeras matérias que estão sendo divulgadas sobre o assunto e esta enchendo a boca para dizer "problema é dele quem mando ele usar crack" cuidado quem cospe pro alto pode cair na testa.
Aquele menino poderia ser seu filho, seu irmão, ninguém nasce usuário de crack se torna , os motivos são muitos mas me arrisco a dizer que o maior  causa é a tão conhecida desigualdade social em suma maioria os dependentes são sim pobres, negros, brancos, homens e mulheres mas pobres filhos dessa terra amada nada gentil chamada Brasil.
Os boys se drogam sim e muito, mas muitos preferem as drogas sintéticas ou a carreira de pó algo que de pra conciliar com a faculdade, com o emprego na empresa do papai , que não atrapalhe a vida social.
E para você que agora esta dizendo eu sou pobre e nem por isso fui fumar crack.
Eu te digo parabéns essa armadilha do sistema você venceu , e a armadilha de endurecer o coração e só pensar no seu próprio umbigo essa você venceu ?








Um lugar em que a mulher é referência e tem espaço


Por: Paula Farias e Suevelin Cinti


No hall de entrada, um grupo de dez mulheres conversa, é segunda feira, dia da oficina de jardinagem. Mães de filhos já crescidos, com família formada e, ainda sim, carentes de convivência. São essas mulheres que buscam reencontrar aqui sua auto-estima perdida entre os afazeres domésticos, as dificuldades financeiras e a opressão diária que sofrem por simplesmente serem mulheres. Enquanto o professor não chega, elas falam sobre tarefas de casa, folheiam revistas e dão risadas entre uma brincadeira e outra que fazem para passar o tempo.
Na recepção, já é possível notar as particularidades do local, com uma decoração em tons de branco e roxo nas paredes, móveis estofados, mesas de vidro, prateleira com artesanatos. Existe um tratamento diferenciado entre a recepcionista e as mulheres que ali chegam, um largo sorriso estampado no rosto torna a chegada muito mais agradável e convidativa.
Aqui, quebra-se o padrão da maioria dos órgãos públicos. Uma fachada discreta, com uma placa pequena. Estamos no Centro de Cidadania da Mulher de Santo Amaro, o CCM.
A sensação é a de ter entrado na sala de estar em casa, cada detalhe foi pensado e planejado para acolher de forma aconchegante essas mulheres. São sofás cobertos de almofadas com capas artesanais bordadas à mão, cores alegres nas paredes forradas de quadros e flores por todos os lados.
Algumas das mulheres que estão ali tentam retornar ao mercado formal de trabalho, outras nunca tiveram sequer a carteira assinada. Entre elas as experiências são as mais diversas possíveis, e foi pensando nessa pluralidade que as atividades da CCM foram organizadas.
Oferecendo as mais variadas oficias e cursos gratuitos, é desta maneira que o CCM de Santo Amaro torna seu espaço útil. Presente em outros países além do Brasil é uma criação da União Europeia, responsável pelo monitoramento de dados em relação à situação das mulheres nos países onde existe os centros. Desde sua inauguração, em 2007, quem mantém o funcionamento do espaço é a Prefeitura de São Paulo através da Secretaria de Participação e Parcerias.
Entre os cursos mais procurados estão: arte e movimento, costura, artesanato, rodas de leitura, confecção de sacolas, atendimento jurídico e psicológico, rodas de bate papo, desenvolvimento pessoal e cuidados pessoais.
No CCM se aprende que não existem limitações físicas, e sim culturais. As mulheres querem mais opções de escolha e acabar com esse preconceito social de que há trabalho só para homens ou só para mulheres.
Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) já houve um curso de texturização e pintura em parede, que também ajudou muitas mulheres a conquistarem espaço no mercado de trabalho como pedreiras. Para este ano está previsto novo curso de hidráulica e de elétrica, também na área civil.
As oficinas e cursos são ministrados por profissionais de forma voluntária, por esse motivo a programação varia muito durante o ano. Cada curso dura em torno de dois a três meses, e a mulher que desejar pode repetir o mesmo curso.
A voz dos beneficiados
Dona de uma audição apurada e memória quase fotográfica, Maria da Paz perdeu a visão dos dois olhos em conseqüência de uma doença genética, assim como seu irmão. Porém, diferente dele e por ser mulher, ela não teve o mesmo empenho da família em habilitá-la para ser independente.
Maria foi então procurar ajuda na Unidade Básica de Saúde (UBS), em Veleiros, na qual era usuária. Ela buscava um lugar que oferecesse reabilitação, para que pudesse andar sozinha e ser menos dependente, e foi conversando com Suely Schraner, que trabalha no Centro Gestor da unidade, que juntas elas encontraram o CCM.
Suely acompanhou todo o processo de desenvolvimento de sua nova companheira, juntas elas participaram de oficinas de dança e arte em cabaça. Emocionada, Maria da Paz conta que foi na oficina de cabaça que encontrou a grande chance de desenvolver mais uma habilidade e oportunidade de superação: “A emoção foi demais quando, pelos olhos da professora Valéria, fiquei sabendo que a minha pintura (Chuva Americana) na cabaça tinha ficado muito bonita. Chorei de alegria”
Suely completa a fala da amiga: “acompanhá-la é a melhor maneira de agradecer por ter uma boa visão”.

Aprendendo a SER
A coordenadora do local, Rosangela Fogarolli conta que o espaço atende mulheres de todas as idades e regiões, algumas vindas por encaminhamento da Delegacia da Mulher para serem orientadas e outras que buscam uma ocupação.
Todas as mulheres, antes de começar as aulas, passam por um curso de “Formação de gênero, política e cidadania”, com uma assistente social e uma estagiária, com duração de quatro a cinco encontros.
É nesse momento que o Centro de Cidadania busca desenvolver sua principal função no enfrentamento à violência doméstica e reconhecimento da mulher na sociedade, fazê-la perceber que muitas vezes seus desejos e vontades são anulados para sustentar a família unida e seu casamento, motivos que a leva, na maioria das vezes, suportar a opressão e a violência dentro de sua própria casa.
Segundo Rosângela, falar de gênero com esse público é ir além da diferenciação de sexo ela diz que o fundamental é fazer as mulheres compreenderem que as grandes limitações que temos são questões culturais, de nossa própria criação. A coordenadora afirma que ao longo das palestras as mulheres se dão conta da violência da qual são vítimas, que, na maioria das vezes não é física e sim psicológica (que quando envolve o fato de ser mulher é considerada violência de gênero).
 Rosângela resume ainda a sociedade em que vivemos: “Uma sociedade masculina, machista e feita para homens”, declara, afirmando que essa visão também pertence às mulheres e que é para isso mesmo que realizam seu trabalho sistêmico, vindo ao encontro desse problema cultural.
“O nosso dia a dia é muito emocionante, se a gente consegue o retorno de uma dessas mulheres já está de bom tamanho. Lutamos hoje não pela igualdade e sim pela equidade, para que não haja mais o opressor ou o oprimido, e que se a mulher desejar ser dona de casa, seja ela respeitada por sua escolha”, afirma.



01/01/2012

FELIZ 2012 É NÓIS QUE TÁ



Final de ano pra mim sempre foi uma época delicada, essa hora de colocar ganhos e percas na balança e ver qual lado saiu vitorioso, nessa hora adivinha qual lado ganhava?
Mas algo mudou se transformou pela primeira vez em muitos anos não me derramei em lágrimas na virada do ano e entrei 2012 com o coração leve e  tranqüilo.
Mandei mensagens de feliz ano novo para os mais variados amigos, aqueles que eu amo e que nem sabem disso, para aqueles que sabem, mas que em algum momento dessa vida louca eu magoei e fui magoada e para aqueles que nem o tempo consegue me fazer esquecer.
Agora estou pronta para enfrentar os desafios e vencer em 2012, serão 12 meses de desafios e provações , conclusão da faculdade um sonho que sempre carreguei dentro do peito por 3 anos até conseguir minha bolsa no prouni.
Ainda tenho sim motivos pra chorar, tristezas na alma, mas não tenho tempo pra isso , todo meu foco, energias para o ano que se inicia e no final tudo terá valido a pena.
FELIZ 2012 É
 NÓIS QUE TÁ